terça-feira, 20 de março de 2012

Crescer para agradecer


Quando éramos pequenos e ganhávamos um presente, logo ficávamos animados e inquietos com toda a novidade. Assim, facilmente esquecíamos de lado a pessoa que nos havia presenteado e saíamos aproveitando todas as alegrias que aquele novo presente poderia oferecer.
Por graça de Deus e para “estragar o nosso barato”, tínhamos a mamãe que logo vinha interromper nossa farra e nos exortava: “Como é que a gente diz pro titio?”. Por força da obediência, para não dizer por pura força do castigo, tínhamos que responder prontamente: “Obrigado, tio!”. Nosso rosto e nossa expressão não escondiam a clara obrigação do gesto!
No entanto, crescemos. Hoje, já não mais precisamos da mamãe para nos lembrar a gratidão, nosso amadurecimento nos fez gratos. Para nós, é uma verdadeira alegria agradecer os presentes que recebemos de nossos irmãos. Procuramos sempre reconhecer seus esforços em vista de nossas vidas.
No intuito de cultivar e prolongar nossas amizades, nós “fazemos questão” de nos mostrarmos agradecidos e solícitos a eles. Temos grande alegria em partilhar nossas vidas e oferecer nossos dons aos nossos amigos. Que entusiasmo quando descobrimos seus gostos e predileções!
Porém, da mesma forma que acontecia com os “tios” da nossa infância, hoje fazemos com Deus. Ao recebermos inúmeros presentes de suas mãos, dizemos, por pura força da obrigação: “Obrigado, Jesus!”, sem, muitas vezes, colocarmos toda a sinceridade do nosso coração nesse gesto. Acabamos agradecendo Àquele que tanto nos dá de forma apática e mecânica.
Por que não cultivamos, da mesma forma que com nossos irmãos, nossa amizade com Deus? Por que tantas vezes saímos correndo com a “graça de Deus” sem mesmo olhar para Ele? Por que ainda justificamos a nossa ingratidão com as nossas ocupações e esquecimentos? Por que continuamos com os agradecimentos forçados e infantis diante dos presentes que d´Ele recebemos?
É hora de despertarmos para esta bela amizade com o nosso Amado. Nós crescemos, ganhamos maturidade humana e espiritual. E isto tem transbordado em nossas vidas e em nossos relacionamentos, através de gestos concretos.
Ao olharmos para trás, vemos que não foi fácil aprendermos a nos relacionar com as pessoas. Vivemos as decepções e os recomeços. Muitos de nós jovens trazemos até hoje as marcas desse aprendizado. No relacionamento com Jesus não é diferente!
É Deus quem se inclina a nós e aguarda ansiosamente o nosso olhar. A amizade com Ele vai exigir de nós empenho e amor, como já aprendemos e experimentamos. Ele não nos promete uma via fácil. O caminho para uma amizade sincera é de sacrifícios e de renúncias, mas nós já conhecemos as muitas flores que brotam à beira da estrada. Investir em uma união com Deus é apostar na certeza da felicidade.
Está em tempo de nos abrirmos a Cristo. A partir de uma experiência com o Ressuscitado que passou pela Cruz, cresceremos na intimidade com Deus. Mesmo que a nossa gratidão a Ele ainda seja mecânica, ou até mesmo forçada, podemos, sim, crescer nessa amizade começando pelo louvor sincero. 
Inicialmente veremos apenas uma pequena lista de presentes recebidos. Com o tempo e, através do louvor, essa pequenina lista se tornará um grande livro, que, aos poucos, contará a história das nossas vidas.
Investindo nessa amizade, em pouco tempo teremos verdadeira gratidão a Deus. E, com os corações inflamados dessa gratidão, poderemos, então, fazer a oferta generosa das nossas vidas e dos nossos dons ao nosso Amado.

Lorena Soares
Missionária da Com. Católica Shalom

Um comentário:

  1. É verdade, como nos esquecemos de louvar a Deus todos os dias, pois recebemos presentes a toda hora, a todo momento.Mas quero registrar a minha imensa gratidão à Deus por tudo que Ele tem me dado.

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